domingo, 31 de janeiro de 2010

Talento

Tenho sede. Quero desenhar até que a mão me doa. Ela ainda obedecerá? Quero sentir o peso da grafite. A inclinação perfeita vem-me do peito. Está-me no sangue.

Atracção

Atracção é muito mais intensa que a mera tensão sexual. Indivíduos capazes de estabelecer contacto extra-corporal e deixarem-me sem fôlego são excessivamente cativantes. Carácter e presenças ausentes reviram-me o cérebro. Venero inteligência e mistério.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Nua Fria Crua Tua

Devorava-te o olhar e queimava-te a pele
Ninguém, não és ninguém
És prisioneiro de elevados volts a anos-luz daqui
Lua tua que roga mil desejos meus
Aqueces-me o peito
Comes-me o oxigénio
Escondes-te atrás das minhas orelhas de pequeno porte
Murmurejas silêncio.

Mesa

À mesa não se canta.
A mesa desarruma-se entre velas e palavras de gerações.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Confusões e conclusões

Posso não te dedicar mais horas mas continuas a ser a pessoa mais bonita do mundo. É a ti que desejo abraçar. É a ti que desejo ter debaixo dos cobertores todas as noites.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Sara Daniela Rodrigues Araújo

Não tenho vocação para ser camaleão
Sou navio sem leme que luta contra marés
Não me encaixo aqui nem ali
O que deveras me dá prazer é ser anfitriã de jantares
O que majestosamente me enche as medidas é alguém que cuspa pensamentos
Fascinantes são os seres de olhar impenetrável, sombrios, quase frios
Emocionante é a força dos ventos e da chuva presa em vidros
Orgulho é saber que não dou uso às palas impingidas
Sou cavalo indomável que galopa em céu aberto
Satisfação é carregar phones
Irritantes são os planos de futuras famílias
Paixão transborda nas pontas dos meus dedos quando junto letras e retrato imagens que se alojam no meu cérebro
Amizade cabe-me nas mãos
Mania é comer iogurtes encostada à arca frigorífica que suporta o microondas
Desejo é sentar-me nos parapeitos das janelas do 4º andar
No cubículo só existe uma varanda isolada
Não existe noite para ela
Loucura é contar os segundos até ao crepúsculo se render
Secretas são as vezes que crio cenários de contos de fadas
Boas são as memórias que me fazem caminhar todos os dias
Acidente é este cubículo ser cor-de-rosa
Hábito é dar banho ao espírito tarde
Vício é vestir calças 2 tamanhos acima
Leves são os meus 49kg
Chatos são os dias em que as minhas hormonas arrasam o meu bom humor
Estúpidas são as horas que perco a dizer disparates sem razão aparente
Ignorância é a impulsividade das minhas respostas
Sonho é fazer road trips
Preguiça é gostar dos transportes públicos
Arrependimento é ter deixado a média de 17 perdida nas minhas excentricidades
Esperança é concluir o que deixei por construir
Exemplo é o meu pai que não se limita a ser progenitor
Egocentrismo é auto-retratar-me e elevar o valor do contraste
Receio é perder alguém
Vergonha é corar nas ocasiões menos oportunas
Sorrir é fixar o olhar em alguém que nos retribui a atenção
Poder é sentir-me amada
Difícil é gerir o meu mau perder
Certas são as minhas convições
Irresponsabilidade é querer ser gato
Desilusão é não mais desenhar
Complicado é descrever-me
Ninguém sabe qual é a minha verdadeira cena.

sábado, 23 de janeiro de 2010

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

38º

Jogos de pernas que se entrançam e incendeiam lençóis
Respiração lenta, ruidosa, vivida
Nós e as paredes suadas.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Apetite

Já não me dás água na boca. Já não me fazes rapar o tacho. Já não me abarrotas o estômago. Mesmo assim o teu aroma ainda me alicia. Ainda me deixas faminta.

Yellow

Consome-me a alma até ao último pedaço de essência minha.

Perspectivas

Quero aninhar-me no teu peito e esquecer que o presente é absurdamente meu.

Insosso

Somos distância
Não sou sal
Quero estrelas
Queres oceanos
Só brindarei com gotas de chuva.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Devaneio

Dou comigo a desejá-lo desvairadamente. A sua beleza é turbilhão de perfeição. Surge entre sobretudos. É obra-prima que me deleita o espírito.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Beijo

Crava-me as unhas
Esgana-me
Rouba-me o oxigénio
Esfola-me
Agarra-me todos os fios de cabelo denso
Afoga-me
Mãos tuas
Pescoço meu
Engulo-te o cheiro
Sem palavras, conclusões ou promessas
Fogo em mim
Deixa-me perder nos teus traços de ninguém
Quero corroer-te o olhar
Ter-te na palma aberta por minutos
Não seres meu por horas
Diminutos e excessivos segundos.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Cama

Um dedo percorre a minha espinha
Alentas sobre a nuca
A pele encrespa
Dois dedos desenham as orelhas
Seis dentes mordem-me
Fecho os olhos
Três dedos embaraçam-me o cabelo
O nariz rende-se
Quatro dedos cabem-me na testa
Cinco dedos cercam-me o pescoço
Lábios colidem
Não estás debaixo da cama.

Dedos

Não te escrevo. Não me escrevo. Não te sei. Não me sei. Não me sai. Não me move. Não me comove. Não explode. Não quero não. Não quero sim. Não me satisfaço. Não te satisfazes? Não te sinto. Não me sinto.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Algodão doce

Dou-te casas, janelas, convites
Tu tropeças em mim nesse teu enrolado enredo
Estou aí todos os dias
Olha bem
Tu vês-me pousada no teu ombro de pele rosada
Tu vês-me nos teus cachos quando te olhas no espelho
Estou no imenso céu que tens sobre a testa.

Fábulas

O meu cérebro é locomotiva de trabalho árduo. Uso-o até à exaustão. Cultivo algodão sobre campos de trigo.

Nocturno

Fecho-me na gola do casaco negro
Sento-me no banco castanho
Passo a passo corro pedra e as mãos gelam
Respiro neve
Acredito que a brisa o carrega
A minha noite é dele.

Diurno

Caminho em terras desertas
O sol toma conta do meu génio e eleva-me a temperatura dos pulmões
De olhos fechados sigo em frente
Rumo à rotunda
Passeio suavemente sobre o chão corroído
Chão esmagado por seres anónimos
Sonhos brotam a cada passo
Desperto com a sombra a gelar-me o nariz.

Cristal

Não sou quem vós queríeis que fosse
Não sou quem queria ser
Eu sou cristal bruto, puro
Eu sou orvalho de Primavera
Eu sou sol de Inverno
Sou nuvem, fogo, terra
Sou minha.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Tripé

Flutuo sobre a cidade
É mundo que me magnetiza os dedos
Esquinas, esconderijos, luz
Janela luzente, candeeiro centenário
Linhas e fachadas minhas
Sinto-te na pele
Porto meu, vou-me embriagar
Vou-me perder nos teus degraus desajeitados
Vou esculpir-te
Porto meu, vou respirar-te.

Vrhum...

Viajo em linhas brancas descontínuas
Estreitas, largas
Seguem-me
Arquitectam-me um destino.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Panos

Ele entretêm-se a jogar com panos
Sobe e desce
Mostra e esconde
Eu entretenho-me a seguir os seus jogos de forma inculpada
Eu limito-me a escrevê-lo, descrevê-lo
Anotar passos não visíveis
Contemplar luz
Consumir luz
Não o quero
Vivo-o em terras surreais sem pretensões de o viver
Não o sei nem ele me sabe.

Changing toys

São módicos detalhes que me fazem apaixonar vezes e vezes sem conta. É como receber um brinquedo fora da data de aniversário ou Natal. A novidade rasga-me o tórax e reflecte-se no meu rosto. Os dedos entram em êxtase e correm o teclado até amestrarem frases. É a quebrar rotinas que saco prazer da gélida vida quotidiana.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

12 uvas-passas

Quero que este ano acarrete energias positivas que me banhem o génio e me livrem de toda a velha canalhice.