quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Bule

O egocentrismo dela não a perturba da forma mais correcta. Pensa nele como um infatigável aliado. Não é zombie e porta um órgão chamado coração debaixo das costelas. A razão do seu ser não o sabe. Talvez lhe incutiram que a ideia de dividir e ficar sempre em terceiro lugar era primorosa. Espaço dela, espaço dela. São pequenas batalhas que nunca travamos. Apagaram-lhe as fragilidades tontas de grávidas de mar e céu. Embuchou as próprias entranhas e deu à luz seres sem sentidos. O mundo terminará assim que ela se sentar no velho e grandioso cadeirão vermelho. Não haverá mais janelas, pontes e abismos. O seu bafo de dióxido de carbono aquecido ceifará cem mil borboletas. Desejos ficarão trancados em molduras sobre o aquário de água salgada na parede do hall. Depois de enclaustrar os olhos e da gata lhe emaranhar o cabelo nos ombros haverá lágrimas de culpa.

Carangueijo

Ele voltou e comeu-lhe o pulmão direito.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Carapuço

Raios lhe levem a beleza que me arranha as costas.

Rio

Balanço... Sigo o embalar do acanhado barco à deriva no Douro. Num minuto à esquerda, noutro à direita. Não tenho remos nem propósito. Saboreio o sol e glorifico o luar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Céu

Ainda tenho as tuas mãos em todos os meus poros. Roubam-me o fôlego a cada milímetro percorrido. De olhos fechados mergulho nas tuas juras. Corpo meu, teu, nosso.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pele de galinha

Canta-me a "Iris" em silêncio ao ouvido ao som da tua guitarra com um cigarro meio fumado na boca.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pum-pum, pum-pum...

Tens planetas dentro de ti
Habitas longe
És teu e julgas-me tua
Não sou tua nem de ninguém
Sou minha mas aí estou eu
Estou aí quando acordares
Deita-te pequena estrela e deixa-me amansar-te
Bravo pingo de chuva gelada
Encosta a orelha esquerda no meu peito e deixa-me cobrir-te
Sonha com o imenso universo trancado nos teus pulmões
Desperta
Ainda aí estou coração meu.