Hoje apetece-me sentar no tapete e sentir que o frio me arrepia a espinha. Esta noite quero contar-te que não gosto do escuro e que o meu nariz ainda sangra. Aquela cama não me amorna. Deixa-me dizer que a tua é alta. Hoje o meu poleiro é a varanda. Vou dormir embriagada pela já gélida temperatura. Juro acordar-te com cheiro de camélias orvalhadas. Vou beijar-te a testa e confessar-te que o orgulho é teu e não próprio. Escrever-te-ei em letras maiúsculas e amontoarei todos os retratos em molduras perto da cabeceira. Nem a chuva me banhará a alma que suplica pelos teus trinta e sete graus. Almejo apenas mais um dia para proferir que não tenho sentido algum. Quero um dia para, de olhos cerrados, correr-te o corpo com estas mãos imundas. Vou despir-te a epiderme e chegar-te ao tórax. Vou gritar de deleite pela clareza. Nem os lençóis te acudirão. Vou moer-te como tu me assombras. Este animal corrói-me tanto que tu não afiguras.
Devora-me até às entranhas. Ilude-me que serás meu em todo o teu esplendor. Sem idade, sem sede. Desculpa se és tão ambicionado. Desculpa se semeio gotas. Desculpa por não dividirmos o colchão.
É aqui que tudo começa.
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