terça-feira, 1 de julho de 2014

Sol

Não tens rosto, nem nome, nem género, nem prosa. Saqueias-me a noite. Invades-me o colchão sem seres defrontado. Inspiro e suspiro oxigénio gasto, cansado. Nós, a cama, a janela de fim de tarde, as cortinas esvoaçantes e as cordas. Fala-me das cartas secretas, lê-me. Letra a letra desmascara o m(t)eu (des)conforto. Sou uma mulher de hoje e de ontem sem cobiçar ser o amanhã. Sinto-me um quase sem mutações, sem vanglórias, sem sofrimento, sem artifícios. Não desejo o que não é meu e se te rapinei alguma coisa do tórax foi inofensivo. Sempre fui péssima com matemática. Sei que podias admirar-me toda a noite como se fosse a primeira. Sermos dementes não ajuda. Não tenho uma razão para te fazer renunciar. Sabes que o cagaço é nosso e que os amanheceres também podiam ser teus.

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