quinta-feira, 4 de março de 2010

Singularidades

O rapaz deixou tombar o sobretudo do ombro esquerdo enquanto percorria o caminho para casa. Nunca deixou rastos reais apenas brisas verdes. Insinuava-se à lua cheia. Achava-se alto demais para o alcançarem. A verdade é que nunca soube que era baixo e que a sua pele não era de cobra mas sim de anfíbio. Ele salta de golfo em golfo na expectativa de encontrar um ser totalmente submisso ao seu alter-ego. Acha que amontoar plumas dá-lhe o estatuto de príncipe. Acha que o domínio vem dos apedrejes da sociedade. Tudo será dele um dia.
Tornar-se-á rei apenas da própria voz. Não é alto, não é da realeza, não é prodígio, não é significante. O charme do rapaz está-lhe no veneno da cobra dentro do sapo.

1 comentário:

Mónica Lacerda disse...

ah, gosto da forma como deixas fluir as coisas em ti. como estás, pequena?