sexta-feira, 25 de junho de 2010
Libelinha
Se o céu fosse meu semearia branco sobre a tua cabeça porque só tu me fazes ansiar por pele.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Road
Quando os caprichos te comem a vida de faca e garfo começas a marchar em direcção à infertilidade espiritual.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Taste
Mesmo de peito quente sinto o toque gelado das tuas impressões digitais no vidro e das pingas de tinta negra dele na tijoleira. Estão na nuca. Saíram do alcance dos meus olhos sequiosos. Os dedos também lá não querem pisar. Deixo os vestidos no sótão. O caderno de capa rija acompanha-me em silêncio até ao colchão que me acolhe todas as madrugadas. O caderno está cheio de pudores escondidos do meu próprio alento. Conto-vos a vós que não vos conheço o rosto. Conto-te a ti de olhar cheio de letras. Amanhã brotará audácia para te dizer a dimensão do meu esforço quando te tenho por perto. É impossível não te ler.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Limão
As náuseas ainda não feneceram e o meu estômago inflamou. Transborda azia. Não consegue ruminar o pouco alimento que lhe presenteio.
Invade-me o esófago até à traqueia e afoga-me em despropósitos.
A voz refugia-se na alma esboçada. As telhas caíram. Uma a uma
levaram-me a pele.
Invade-me o esófago até à traqueia e afoga-me em despropósitos.
A voz refugia-se na alma esboçada. As telhas caíram. Uma a uma
levaram-me a pele.
sábado, 5 de junho de 2010
Asfixia
Não caminho se existe um monstro do meu sangue, se tu jamais serás o que eu cri, se tu não retribuis um quarto do tamanho da minha veneração, se ele repeliu-me, se sinto uma cova nos pulmões, se todos os esboços foram impregnados pela chuva de Inverno, se a inspiração cessou, se o meu Pai não está bem. Quero casa. Preciso de casa. Espírito meu de plumas alvas desfazes-te nas minhas mãos.
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