segunda-feira, 28 de abril de 2014
Limbo me, limbo you
No meio das cordas do Jorge Palma remanescem as palavras que nunca serão sábias. Naquele bailar broto nos planos do depois nesse teu fumo que me incita o cabelo. Ouço-te proferir tudo aquilo que eu não ouso cultivar. Quem dera verbalizar o que me falas quando te encostas às minhas costas com os lábios colados. Não te rego o peito mas contemplo-o. Somos um círculo sem triângulos. Sem um berço, sem uma urna. Desengatilhados somos um do outro como se não houvesse fogo. Compõe-me! Atinge-me! Sabes que é amor narcotizado e compassivo. És a linha que desenhei. Mesmo quando sou a tua cabra antepões deslustrar-me o batom. Nem pareço imunda no teu desejo. Posso rogar-lhe aquele abraço? É como sofresse carência do que nunca desfrutei. Como se eu lhe coubesse tardiamente. Às vezes debato-me com o dia que cessarei a saudade daqueles braços. Sumptuosa noite invernosa em que tudo apreciei e nada pude concluir.
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Tu! Eu! Nós!
Não te enxovalho. Tu és meu e a minha epiderme evoca a tua. O quarto é nosso. Sem retraimento rogo-te a cama e os lençóis coroados. Fazes-me tão bem quanto aquele derradeiro calafrio depois de todo o suor. A míngua é nossa. A lua afogueia cada embate dos nossos lábios. Todos os meus centímetros tresloucam e sem modéstia verbalizo que és estes trinta e sete graus. As tuas mãos são brasa. O deleite é nosso. Todas as máculas são perfeitas. Cegueira de velas, de olhos impenetráveis, de rendas, de dedos enforcados. Corpos lácteos de uma direcção restrita. Mordo-te a orelha e juro honrar esse teu ser. O amor é nosso. O teu perfume e o meu. Dois num. Um quarto. Nós!
21
Quero murmurar orações neste fundo lúgubre. Meses sem alento ou crença. Noites em claro sem uma caneta. E não chegarão mil promessas para vomitar o que está nos pulmões. Arruinei horas e quatro estações. Não sei como abeirei terras tão verdes. Pessoas, dezenas. Toda a balbúrdia e inconstância fizeram-me devorar toda a saudade do mar. Onde estou eu? Estes metros quadrados são minguados. Não consigo esboçar. Pareço um naco glacial no meio do deserto. Sadios eram os quilómetros em climas quentes, o cabelo à sorte e a pele pelada. O meu trilho está dissimulado. Os barões da minha existência aprumam-me. Desfruto da coluna quente e dos pingos assassinados.
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